sábado, 27 de setembro de 2014

Índia Mãe

Cais-me do céu como o Verão Indiano
que um dia cantei, só, na árida Terra
Que o vento comeu.
Cantas-me aquela música 
que só a tua voz sabe
e o Espírito dança.
Dança em rejozijo surreal e agridoce,
naquele lago onde, uma tarde,
eu mergulhei sem saber.
Levas-me lá acima e eu trago-te
logo cá para baixo, só para ter o
imensurável prazer de voltar a perder-me,
lá em cima...
Os olhos, a dança de carne e pele,
o sol alaranjado que se põe
e o contraste violeta que me engole.
Como varas secas e mortas
que jazem na cesta da humilde
mulher indiana que a carrega,
e mais nada viu a não ser...
Canto-me na tua melodia
sedosa e doce, de pianos perdidos
e sítaras longínquas,
que cantam por mim.
E aquelas vozes que parecem soar
de longe... lá ao fundo,
e eu afogo-me na doçura
do suor que a mãe Índia me canta.
Pele. Vermelho.
Índia. Vermelha e castanha de pó,
os milénios a passar indefinidamente,
sem tempo.
Verde de folhas carnudas e húmidas.
O pico dos Himalaias, lá em cima.
Gelo.

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