quinta-feira, 20 de março de 2014

" - Dentro da mente dele há vários planos de existência. Ele não é um homem comum.
- Como assim? - Perguntou com a chávena de café junta aos lábios.
- Sei lá... é como se dentro do coração dele houvesse uma cidade com milhões de luzes, sonhos, certezas e inseguranças.
- Isso parece-me inseguro, mas excitante.
- É inseguro e excitante. Mas não nos dá certezas nenhumas.
- Para que queres tu certezas?
- Sei lá, talvez para ter algum tipo de estabilidade.
- A estabilidade mata aos poucos.
- O casamento não é isso mesmo?
- Pois, foi por isso que fugi dos meus."

quarta-feira, 19 de março de 2014

Piano de Sonhos




Piano de sonhos e pétalas azuis que caem do céu, perdidas e leves.
As cordas que batem a melodia sagrada do universo em expansão,
em contração, impulso e fluxo de água e luz, luz, luzes e fogo...
Pássaros a dançar em ramos de consciência infinita
e impalpável pelo ímpeto finito do pequeno homem
que se faz a cada dia que vive
em direção à sua própria morte, ilusória e tão convincente...
Coração a pulsar vida em forma de sangue e orgasmo,
adrenalina e hormonas manifestando a luz invisível que nos move.
Som, vibração e frequência de luz a cada acorde
da árvore que cresce de forma adstringente e ácida pela terra adentro
até ao céu, ao céu, ao azul.

Hoje tive um sonho

Hoje tive um sonho:
Estava a caminhar por um trilho numa montanha e ao fundo surgiu uma silhueta. Era uma pessoa com o cabelo longo, acinzentado e despenteado. O seu cabelo balanceava ao ritmo da aragem. Tinha uma espécie de cajado na mão esquerda e olhava fixamente para mim. Tive algum medo, mas decidi continuar a caminhar. Ao aproximar-me, apercebi-me que ele usava uma roupa laranja em mau estado, era uma espécie de sadhu indiano com o cabelo esgrenhado, pele morena marcada pela eternidade e olhos verdes e azuis a contrastar. Ele disse:
- O último passo para saber a verdade é ouvir o canto dos pássaros. - Sorriu ternamente e desapareceu na floresta.